XVIII Congresso Brasileiro de Aterosclerose

Dados do Trabalho


Título

HIPERGLICEMIA COMO PRINCIPAL FATOR DE RISCO PARA MORTALIDADE DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES: ESTUDO LONGITUDINAL COM DADOS BRASILEIROS DE 2005 A 2017

Introdução

Diversas disfunções metabólicas, tais como hiperglicemia, obesidade e dislipidemia, constituem fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Não obstante, há carência de estudos que comparem estes diferentes fatores com o fim de estabelecer se há algum cujo impacto cardiovascular seja predominante. Portanto, este estudo investigou a associação entre diferentes fatores de risco (obesidade, tabagismo, hiperglicemia, dislipidemia e hipertensão) e mortalidade por doenças cardiovasculares em 26 estados brasileiros, no período de 2005 a 2017.

 

Material e Método

Dados do Global Health Data Exchange (GHDE), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Ministério da Saúde do Brasil foram coletados para homens e mulheres, totalizando 312 observações estado-ano. A variável dependente utilizada no modelo foi mortalidade por doenças cardiovasculares por 100.000 habitantes, enquanto as variáveis independentes constituíram o valor de exposição aos fatores de risco citados, calculados pelo GHDE. Regressões lineares multivariadas de dados em painel foram executadas, com controle para produto interno bruto per capita, pobreza, acesso a serviços de saúde e efeitos fixos para estado e tempo. Os modelos foram corrigidos para heterocedacidade através do uso de padrão de erro robusto e agrupamento de dados por estado.

 

Resultados

Em mulheres, um aumento de uma unidade de exposição a hiperglicemia se associou a um aumento de 11,34 (IC95%: 7,71 - 14,98) mortes/100.000. Em paralelo, a magnitude da associação foi aproximadamente 10 vezes menor para hipertensão (0,84; IC95%: 0,12 – 1,57) e cinco vezes menor para dislipidemia (1,88; IC95%: 0,28 - 3,48). Obesidade e tabagismo não se associaram significativamente. Estudos de sensibilidade confirmaram esta observação tanto em doenças isquêmicas (infarto e acidente vascular cerebral isquêmico) quanto quando se substituiu hiperglicemia pela prevalência de diabetes. Digno de nota, todos estes dados se sustentam quando a variável dependente “anos de vida perdidos” foi usada no lugar de mortalidade. Estas associações foram menos evidentes em homens.

 

Discussão e Conclusões

Este estudo sugere que a hiperglicemia, quando comparada a outros fatores de risco de natureza metabólica, possui uma associação mais exacerbada à mortalidade de doenças cardiovasculares, particularmente em mulheres. Tal observação pode ser útil para a elaboração de políticas públicas mais eficientes no combate e prevenção a doenças cardiovasculares, sobretudo isquêmicas.

Palavras Chave

Hiperglicemia
Doenças cardiovasculares
Mortalidade
Banco de dados secundários
Epidemiologia

Área

Pesquisa Clínica

Instituições

Instituto do Coração, Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

RENATO SIMOES GASPAR, Francisco Rafael Martins Laurindo