XVIII Congresso Brasileiro de Aterosclerose

Dados do Trabalho


Título

SEGUIMENTO DE DOIS ANOS DE PACIENTES COM DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA CRONICA EM UM CENTRO ESPECIALIZADO NO BRASIL

Introdução

A incidência de eventos cardiovasculares em pacientes com doença arterial coronariana (DAC) crônica pode variar significativamente entre as regiões. Embora populoso, o Brasil é frequentemente sub-representado nos registros internacionais. Este estudo visa descrever a qualidade do tratamento, a incidência de eventos cardiovasculares e seus fatores prognósticos no seguimento de 2 anos de pacientes com DAC crônica em um centro público de saúde terciário no Brasil.

Material e Método

Estudo unicêntrico observacional, prospectivo incluindo pacientes com pelo menos um dos seguintes: procedimento de revascularização do miocárdio prévio (cirúrgico ou percutâneo), antecedente de infarto agudo do miocárdio (IAM) ou angina e estenose > 50% em pelo menos uma artéria coronária epicárdica evidenciada pela cineangiocoronariografia. Esses pacientes foram seguidos por 2 anos e desfecho primário foi o composto de morte, IAM ou acidente vascular cerebral. Também foram avaliados a prescrição, os sintomas e os exames laboratoriais no período.

Resultados

Foram incluídos 625 pacientes com idade média de 65±9,6 anos, 33,3% mulheres. Desses, 59,8% tinham IAM prévio, 26,8% antecedente de cirurgia de revascularização miocárdica e 40,6% antecedente de intervenção coronária percutânea. Diabetes foi prevalente em 48,6%, hipertensão arterial em 83,1% e doença renal crônica (depuração da creatinina <60 mL/min) em 34,7%. A anatomia coronariana residual era conhecida em 266 pacientes: 29,3% apresentavam doença multiarterial e 11,7% lesão em tronco da artéria coronária esquerda. No seguimento médio de 881 dias, foram registrados 37 eventos do desfecho primário, com taxa estimada de eventos em 2 anos de 7,05%. Na análise multivariada, os principais fatores prognósticos foram: idade (HR por 10 anos 1,61, IC 95% 1,32-1,97), acidente vascular cerebral (HR 3,65, IC 95% 1,48-9,00) e LDL colesterol (HR 1,23, IC 95% 1,14-1,33). Ao longo do seguimento, houve aumento do número de pacientes assintomáticos 65,7% vs. 81,7% (p <0,001) e melhora da qualidade da prescrição de medicamentos, definida como o uso de inibidor da enzima de conversão da angiotensina ou bloqueador do receptor da angiotensina mais estatina e qualquer agente antitrombótico: 65,8% vs. 73,6% (p <0,001). Por outro lado, não houve melhora do LDL ou do controle da pressão arterial.

Discussão e Conclusões

Este estudo mostra que os pacientes com DAC crônica tiveram uma incidência de eventos de 7,05% em 2 anos e que o principal fator prognóstico modificável foi o LDL.

Palavras Chave

Doença arterial coronariana, fatores prognósticos, LDL colesterol, qualidade de tratamento, angina

Área

Pesquisa Clínica

Instituições

Instituto do Coração HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

HENRIQUE TROMBINI PINESI, Eduardo Martelli Moreira, Fabio Cetinic Habrum, Lucas Luiz Constantino, Manuel Jorge Rosa Gomes, Fabio Grunspun Pitta, Eduardo Gomes Lima, Carlos Vicente Serrano Jr, Cibele Larrosa Garzillo